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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Eleições 2010: não aprendemos nada com a peste

Qualquer que seja o resultado da eleição presidencial de hoje, e qualquer que seja a preferência de cada um, mais uma vez não teremos aprendido nada sobre nós mesmos. Em meio à guerra de desinformação travada na arena pública nas disputas polarizadas, ao antagonismo cego e histérico dos mais ativos e assertivos, à disposição para seguir a manada dos mais passivos e mudos, continua sendo assustadora nossa incapacidade de olharmos para nós mesmos em meio aos acontecimentos.
(…) o que essa multidão eufórica ignorava, e que se pode ler nos livros, é que o bacilo da peste não morre nem jamais desaparece, que ele pode permanecer durante dezenas de anos adormecido nos móveis e nas roupas, espera pacientemente nos quartos, nas caves, nas malas, nos lenços e nos papéis, e que, talvez, viria o dia em que para a desgraça e o ensinamento dos homens, a peste despertaria seus ratos e os enviaria para morrer em uma cidade feliz.*
(Albert Camus, A peste, 1947)
Sim, eu sei, Camus confirmou que o conteúdo evidente de seu livro era a ocupação nazista, mas ele deixou claro que desejou que sua leitura fosse feita também sob outras perspectivas

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